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Montanhas Azuis

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Mensagem por Mestre do Jogo Seg 13 Jul - 10:11

Montanhas Azuis Moraine_Lake_17092005

A cadeia de montanhas que se estende a norte do Lago Garibaldi em cuja superfície se reflete sua imagem nas águas límpidas e cristalinas são conhecidas como as Montanhas Azuis, nome atribuído pela coloração azulada que seus picos nevados adquirem durante os dias de tempo bom, desenhando uma das paisagens mais selvagens e belas de todo o Canadá.

As montanhas, apesar de não serem as mais altas do país, atraem muitos alpinistas que desejam vencer seus paredões íngremes de rocha viva e desfrutar da bela vista que só estas montanhas podem propiciar. Existem excursões onde os interessados podem sentir o gostinho da escalada, monitorados com toda a segurança por guias experientes que levam-nos montanha acima até alguns chalés construídos estrategicamente onde podem descansar para repor suas energias desfrutando de boa comida e bebida.

A proximidade com a Reserva Indígena dos Pés-Pretos faz com que as Montanhas Azuis seja palco de muitas histórias e lendas. Nas histórias dos índios estas montanhas são conhecidas por serem o território de onde “Aquele que Caça em Noites sem Lua” geralmente sai para caçar. Ao longo dos anos relatos de alpinistas que alegaram ter avistado uma criatura humanóide vagando pelas encostas cobertas de neve das Montanhas Azuis vem se acumulando, mas até hoje nada de concreto pôde ser provado, e o mito continua a ser exatamente isto: um mito... menos para os Pés-Pretos e para aqueles que o avistaram.

Alguns exploradores interessados no mistério do Pé Grande vindos principalmente dos Estados Unidos, encontraram algumas pegadas anormalmente grandes feitas na neve, o que gerou uma grande comoção no meio criptozoologista, trazendo um fluxo considerável de “estudiosos” ávidos por encontrar mais pistas sobre este ser lendário. Como sempre, a maioria não encontrou nada do que procurava, mas alguns mais afoitos decidiram fixar residência nos sopés das Montanhas Azuis, esperançosos de algum dia poderem encontrar mais pistas, ou quem sabe até mesmo de terem algum encontro com esta criatura.

A Polícia Montada tenta desencorajar tais intenções da maneira que pode, as Montanhas Azuis guardam muitos perigos e encontros com os animais selvagens acontecem com elevada freqüência. O número de mortes atribuído ao ataque destes animais sobe a cada ano que passa, apesar de algumas delas se darem de modo muito suspeito. Já foram encontrados cadáveres totalmente sem sangue, e também algumas pessoas já foram resgatadas enquanto vagavam a esmo pelas Montanhas, alheios à realidade e com isquemia.

O fato é que as Montanhas Azuis guardam segredos terríveis por trás de sua beleza majestosa. Segredos que muitos os Pés-Pretos conhecem e guardam a sete chaves. Para o bem da coletividade é melhor que certos mistérios continuem sem respostas, a ignorância pode ser uma bênção.
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Mensagem por Zanniel Qua 15 Jul - 9:34

A lua estendia seu abraço de prata sobre os cumes cobertos de neve das Montanhas Azuis, pequenos flocos de neve bailavam pelo ar em uma sinfonia silenciosa, envolvendo as árvores que se espalhavam pelos sopés montanhosos enquanto milhões de estrelas do céu noturno se refletiam nas águas do lago, como pequenos rasgos luminosos no tecido do firmamento celeste.

Animais se refugiavam do frio indo para o interior de suas tocas, os grandes ursos pardos hibernavam em suas grutas e cavernas, lá fora apenas os predadores famintos se aventuravam pela paisagem nevada, suas respirações erguendo nuvens de condensação pelo ar gelado. Mais uma noite normal de inverno naquelas paragens ermas e selvagens.

Àquela altura do ano as montanhas ficavam praticamente livres da presença humana. Mesmo os corações mais ávidos por aventuras trocavam o chamado da adrenalina pelo calor de suas residências e o aconchego fornecido pela reunião com seus entes queridos. É a época do ano onde as pessoas habitualmente recordam-se de que fazem parte da raça humana e propagam o sentimento de paz e comunhão com seus semelhantes, até que o novo ano se inicie e tais sentimentos sejam novamente guardados nos baús da ganância e individualidade.

Contudo, entre o céu e a terra existem muito mais mistérios do que pode julgar a nossa vã filosofia, e mesmo o cenário mais pacato e previsível não está imune às alterações trazidas pelos braços inexoráveis do destino.

Enquanto a maior parte da cidade dorme o sono dos justos (e hipócritas) e a hora do lobo se estende, forças colossais são colocadas em marcha. O tecido da realidade se dobra e se agita enquanto convulsões lhe acometem cada vez mais fortemente, fazendo-o sentir as dores do parto de algo ancestral. Enquanto os mortais permanecem alheios ao que acontece um comichão percorre a espinha das criaturas sobrenaturais por toda a cidade, uma coceira que não podem coçar se manifesta no interior de suas mentes misticamente ligadas à existência, e a maioria deles experimenta pela primeira vez em séculos a angustiante sensação de que algo está errado... algo que não sabem identificar, pesar ou quantificar... algo pavorosamente incompreensível.

E então acontece. O véu da realidade é rasgado. Do alto da abóboda celeste surge uma bola de fogo incandescente. Mais veloz do que o pensamento ela dispara em direção à terra, deixando um rastro de labaredas pelo tapete cósmico, como um meteoro destinado a desferir seu beijo avassalador.

Por alguns instantes olhos mortais e sobrenaturais podem vislumbrar igualmente o bólido incandescente singrando o ar, chegando cada vez mais perto, cada vez mais, até que enfim ele aterrissa numa explosão luminosa capaz de trazer a luz do dia mais claro para dentro da noite mais escura. Ainda atônitos pela beleza e poder que acabaram de observar eles agora ouvem o ribombar da forte colisão que é trazido pelo ar.

Mentes humanas roboticamente atribuem o fenômeno ao limite do que seus intelectos são racionalmente capazes de compreender. Criaturas da noite sentem o desconforto aumentar em suas mentes...

Fumaça espiralada sobe pela terra calcinada atingida no impacto. Pequenas labaredas dançam graciosamente dentro da cratera aberta. Algo inerte repousa em seu berço impávido... e então abre os olhos...
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Montanhas Azuis Empty Re: Montanhas Azuis

Mensagem por Ben Uther Qui 23 Jul - 13:20

- Engraçado... eu não tenho mais medo. – dizia a débil voz do velho deitado sobre a cama simples e modesta. Ele cheirava a morte, a pele enrugada trazia as manchas dos anos, o aspecto frágil no rosto, a serenidade nos olhos esbranquiçados, os cabelos finos e brancos como a neve capturavam a luz alaranjada das velas.

- O medo não combina com você, meu velho. – responde uma voz grave vinda do homem sentado na cadeira de balanço ao lado da cama. Os dois silenciam por instantes, o silencio pacífico trazido pela cumplicidade alcançada ao longo dos anos de convivência.

- Não precisa ser assim, você sabe. – oferta a voz mais jovem, tirando um fino sorriso dos lábios do velho.

- Fazem setenta e seis anos que vi o sol nascer pela última vez... – começa a responder o velho – Deus achou certo me manter vivo e cego após um estilhaço metálico acertar minha cabeça enquanto ouvia os gritos, os tiros e as explosões na invasão daquela praia, mas antes Ele me fez assistir outros garotos tão jovens quanto eu sendo feitos em pedaços por metralhadoras e granadas, bravos rapazes que foram mandados pra um país estrangeiro para lutar pela liberdade... é o que gostam de dizer nos livros sobre eles, como eram valentes e heroicos... mas não podem transmitir no papel o cheiro do sangue, das tripas expostas, dos membros destroçados e da carne queimada. Ainda agora eu as vezes acordo no meio da noite, os gritos deles enchendo meus ouvidos, Ele quis que eu visse e ouvisse tudo aquilo, pra só então tirar a minha visão, depois que tudo aquilo havia sido registrado na minha cabeça.

- No começo foi difícil, você já tentou imaginar como seria, de um dia para o outro, perder completamente a visão? Rezar para que os médicos estivessem errados, que um dia você voltaria a ver? Acreditar que você é diferente dos outros, mais forte, mais teimoso... especial...que mostrará isso a todos, voltando a enxergar pelo simples uso da força de vontade? Então você começa a perceber a realidade das coisas, e começa a achar culpados, responsáveis pela sua desgraça. Irritando-se com a condescendência daqueles que o cercam, que o tratam como um inválido, que tem pena de você.

- Quando percebi que não tinha coragem para me matar, quando consegui sentir a raiva e o ódio começarem a se transformar em conformismo, comecei a aprender a como me virar sem ajuda... a fazer café sem me queimar, a andar pelas ruas sem cair, a me movimentar em casa sem topar pelos móveis a toda hora. E conforme aprendia essas coisas, fui aprendendo a ver a vida de outras formas, a ouvir, a cheirar, a perceber os detalhes e as texturas das coisas.

- É por isso que não preciso de olhos pra saber quem você é, meu amigo.

- Já fazem mais de cinquenta anos que você me visita desde o primeiro ano que me mudei pra cá. E sua voz continua exatamente a mesma desde aquele primeiro encontro, você se lembra? Estava caindo uma nevasca dos diabos. Você entrou derrubando a porta, havia cheiro de sangue em você... do que era mesmo? Um veado, sim... foi do que você disse que era. Eu não questionei, mesmo sabendo que só sangue humano cheirava assim. Seus passos continuam os mesmos, leves, mas não arrastados como os de um velho de cabeça branca como eu, e mesmo daqui da cama eu continuo sentindo que não há calor em você, raramente houve, só quando precisamos nos tocar.

- Eu nunca perguntei sobre isso, mas eu sempre soube disso. Você sempre foi uma boa companhia, trocamos nossas histórias, compartilhamos de nossas visões sobre o mundo, e mesmo com a voz de um rapaz o seu modo de pensar sempre foi de alguém que já viveu muito mais do que aparenta, isso também não pode ser disfarçado.

- Eu não entendia o que fazia uma criatura como você procurar a companhia de um cego que vive sozinho no meio da floresta. No começo pensava que você havia vindo para me matar, e acho que você chegou perto de fazer isso algumas vezes, não foi? Eu sei... você achava que seria mais piedoso assim. Mas você não fez isso, aprendeu que de certa forma precisava de mim, alguém com quem você podia conversar normalmente de vez em quando, alguém que não o julgaria e sobretudo que não o veria.

- E agora você está aqui e eu estou de partida, e você lamenta. Eu sei. É por isso que me fez essa pergunta, não foi? Você poderia ter me feito essa oferta há muitos anos, quando eu ainda tinha forças, quando ainda poderia acompanha-lo. Por algum tempo eu quis isso, mas nunca pedi, esperava que você tomasse essa iniciativa.

- Então entendi porque não o fez. Pelo mesmo motivo que o fez resistir até agora. Você não quer me arrastar pra vida que você leva. Você continua jovem, eternamente. Não adoece, não enfraquece...  e carrega isso como uma praga, por isso não tem amigos, por isso precisou de um velho como eu para lidar com a solidão.

- Você foi um bom amigo, Uther. Não lamente minha morte, como eu não lamento a sua. Foi o destino que fez você entrar na minha cabana durante aquela nevasca, mas foi sua escolha que o fez voltar pra cá depois disso, é disso que as amizades são feitas.

- Não se culpe por ser quem é, há um propósito em sua existência, aja como um homem e carregue o seu fardo, você fez isso até agora, e continuará a fazer depois que eu me for.

- Quando as coisas estiverem feias, lembre de por quantos anos você ajudou um velho cego a desistir de se matar... hê...


Minutos depois o Gangrel deixa a cabana, o fio de fumaça escapando pela chaminé afinando cada vez mais, as chamas se extinguindo como a vida do velho se extinguiu instantes atrás.

Era uma noite triste, já faziam longos anos desde a última vez que teve alguém a quem se considerava ligado, e outra vez ele via uma pessoa assim partir... esta era a vida, tão curta, mas muito maior do que o intervalo entre o nascer e o morrer. Sentiu-se grato pelo tempo que pode passar com o velho.

Enquanto vagava pela floresta ele ouvia os sons da noite, sabia que estava acontecendo alguma coisa estranha naquela noite, sentir o arrepio e o desconforto mental, mas não tinha intenções de se envolver em nada daquilo, não servia mais a Camarilla, se tornara Independente, tudo o que queria era levar sua não-vida da forma que desejasse, sem ordens, sem cobranças. Conseguia isso na floresta, mesmo tendo que lidar com encontros ocasionais com os lobisomens ou com outros vampiros, seu comportamento era no mínimo aceitável diante do pacto de paz que selou com o Grande Chefe dos Pés Pretos (sem mortes humanas naquele território), foram precisos alguns embates para conseguir mostrar aos Lobisomens que não era bom lutar contra ele, principalmente quando fazia parte da Camarilla e o Príncipe poderia usar sua influência política para fazer uma rodovia passar por cima das terras da Reserva... hoje as coisas eram diferentes, mas tanto ele quanto os índios eram homens de palavra, o que foi dito não seria desdito, o pacto valeria enquanto ele não o violasse.

Com tais pensamentos em mente ele foi avançando pela mata, procurando pelos caminhos que o levavam para longe dos sons de confronto e de presença humana ou sobrenatural, até que algo no ar chamou sua atenção. Não algo que viu, ouviu ou farejou... algo que tocou sua mente, como um espinho que toca a sola do pé, rompendo a pele e adentrando na carne... algo a mais chegou na cidade...
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